Em fato inédito no Brasil e raro no mundo, em 14 de novembro de 1932 o professor Antônio Evangelista Marques Guimarães, de família tradicional de Morro Vermelho, recebeu do Papa Pio XI a insígnia "Comendador da Santa Sé", por ter encaminhado ao seminário os seus seis filhos homens, que se tornaram padres. A comenda foi assinada pelo então Cardeal Eugênio Pacelli, mais tarde Papa Pio XII.
Todos os filhos padres estudaram no Seminário Arquidiocesano de Mariana, onde se ordenaram. Eram José Evangelista Marques Guimarães, João Evangelista Marques Guimarães, Pedro Evangelista Marques Guimarães, Benjamim Evangelista Marques Guimarães, Alberto Evangelista Marques Guimarães e Ephraim Evangelista Marques Guimarães. O casal também teve três filhas: Maria, Cecília e Aurora.
Antônio Evangelista Marques Guimarães era filho do professor João Evangelista Marques Guimarães e Maria Rodrigues de Oliveira Lima. O casal se mudou de Caeté para Morro Vermelho em 1857. Antônio nasceu em Caeté em 15 de dezembro de 1852 e foi batizado em 10 de janeiro de 1853 pelo padre Jacinto José de Almeida na Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, sendo padrinhos Antônio José de Oliveira e Constância Maria de Oliveira.
Conhecido também como Mestre Totó, Antônio se tornou, como o pai, professor titular da escola estadual de Morro Vermelho. Casou-se com Eliza Carolina de Jesus Guimarães, com quem teve nove filhos. Ainda jovem, em 1883 foi designado professor para o distrito de Mocambeiro de Santa Luzia, mas no mesmo ano retornou à escola de Morro Vermelho. Em 1892 foi nomeado presidente da Junta Militar de Morro Vermelho, que tinha como membros Christiano Lopes de Magalhães e João Batista Leal Júnior. Aposentou-se como professor em 1912.
O professor Antônio tinha 12 irmãos: João Evangelista Marques Guimarães Júnior (1850), Firmino Evangelista Marques Guimarães (1851), Cândido Evangelista Marques Guimarães (1855), Lina Maria de Jesus (1857), João Batista Evangelista Marques Guimarães (1859), Porfírio Evangelista Marques Guimarães (1861), Damásio Evangelista Marques Guimarães (1863), Maria Rodrigues de Oliveira Sobrinho (1866), Henrique Evangelista Marques Guimarães (1868), Mariana Evangelista Marques Guimarães (1870), Clara Evangelista Marques Guimarães (1872) e Pedro Evangelista Marques Guimarães (1874).
Cônego, músico e milagreiro
Padre João Evangelista Marques Guimarães
O Padre João Evangelista Marques Guimarães era filho de Antônio Evangelista Marques Guimarães e Eliza Carolina de Jesus Guimarães e neto de João Evangelista Marques Guimarães e Maria Rodrigues de Oliveira Lima. Nasceu em 1º de março de 1889, em Morro Vermelho. Estudou no Seminário Arquidiocesano de Mariana e ordenou-se padre em 1921, assumindo a Paróquia de São Gonçalo do Rio Abaixo em 1924, de onde se afastou só em 1974, falecendo dez anos depois, em 1984. Por sua dedicação à igreja, recebeu o título de Cônego. As comunidades de São Gonçalo do Rio Abaixo e de cidades vizinhas consideram o Padre João um milagroso. Homem austero, trabalhador rural e piedoso, chegou em 1968 a ganhar a seguinte manchete da Revista O Cruzeiro “São Gonçalo tem dois mil habitantes e um santo”. Apesar de cuidar da paróquia, Padre João tirava seu sustento do trabalho rural, com o cultivo da terra. Os moradores contam maravilhas operadas pelas orações e bênçãos do padre João, como uma epidemia de febre amarela em 1942, que matou muita gente em São Gonçalo e teria sido detida com uma prece do seu pároco.
Padre João tinha também profunda dedicação à música, tendo criado orquestra, banda e coral na cidade. Até hoje, há grande afluência de romeiros a São Gonçalo para receber bênçãos no túmulo do antigo pároco. A vida do Cônego João foi narrada no livro “O Padre Bondoso”, de autoria do padre Francisco Neto Guerra, publicado em 2002. Faleceu em 1984, aos 95 anos.
A comunidade de São Gonçalo do Rio Abaixo homenageou sua memória com uma escultura gigante de 20 metros no bairro Patrimônio, onde o cônego passou os últimos dias de vida.