Matas e mananciais ainda protegidos

Parque do Gandarela

Patrimônio Cultural

O Parque Nacional da Serra do Gandarela foi criado pelo governo federal em outubro de 2014 a pedido de várias organizações civis de todo o país, depois de o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) consultar a comunidade de todos os povoados vizinhos. O objetivo é garantir a preservação do patrimônio biológico, geológico, espeleológico e hidrológico, incluindo os campos rupestres e os remanescentes de floresta atlântica, as áreas de recarga de aquíferos e o conjunto cênico constituído por serras, platôs, vegetação natural, rios e cachoeiras.

No entanto, as alterações nos seus limites em relação ao projeto inicial foram profundas sem atender os objetivos de conservação e as demandas de comunidades locais, servindo apenas para permitir o desenvolvimento de um grande projeto de mineração. A área é considerada a última cadeia de montanhas intocada pela mineração no quadrilátero ferrífero, integrando o conjunto da Reserva da Biosfera do Espinhaço. A área também abriga vestígios de animais pré-históricos.

PARQUE DO GANDARELA
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Nascentes

O ICMBio preparou a proposta de criação do parque, visando a proteção dos mananciais para abastecer a Região Metropolitana de Belo Horizonte, ameaçados pela exploração do minério de ferro. A proposta original de 2010 previa uma área de 38.220 hectares, mas foi reduzida para apenas 31.270 hectares, deixando de fora muitas riquezas históricas de Morro Vermelho.

O decreto não garante a preservação das últimas grandes áreas remanescentes do geossistema de cangas ferruginosas, que protegem e alimentam os aquíferos mais importantes para o abastecimento dos municípios do entorno da Serra do Gandarela, de Belo Horizonte e de sua região metropolitana. Também não abrange completamente a bacia do Ribeirão da Prata, afluente do Rio das Velhas, deixando de fora algumas de suas mais importantes nascentes, o que compromete o principal curso de água da região da Serra do Gandarela, porque vai permitir que o mesmo seja impactado pela atividade mineradora. O parque inclui partes dos municípios de Caeté, Raposos, Rio Acima, Barão de Cocais, Itabirito, Nova Lima, Ouro Preto e Santa Bárbara.

 Além dos recursos naturais de águas, flora e fauna, o local tem grande beleza e grande quantidade de atrativos para o turismo, como cachoeiras, mirantes e trilhas para caminhadas e outras atividades em contato com a natureza. Na região estão as últimas áreas bem conservadas de cangas, muito importantes para alimentar as nascentes de água, porque a água da chuva que cai nelas escoa bem devagar para dentro das rochas, formando os aquíferos que mantêm os rios mesmo na estação seca. Também contém alta diversidade de espécies raras ameaçadas de extinção. O parque não foi implantado e até hoje praticamente toda área é controlada por uma grande mineradora, que vigia a entrada de turistas.

<i>Reprodução internet</i>
Reprodução internet
PARQUE DO GANDARELA

Espécies em Extinção

Apesar das limitações, o Parque Nacional Serra do Gandarela tem imenso potencial turístico, reforçado pela facilidade de acesso a partir de Belo Horizonte. Contribuem para este potencial as várias possibilidades de práticas de ecoturismo, turismo de aventura, turismo pedagógico, observação da vida selvagem, visitação científica, de realização de caminhadas curtas e longas, ciclismo, escalada, visitação a cavernas e sítios históricos. E há ainda as dezenas de cachoeiras, de águas límpidas em meio a remanescentes bem preservados de Mata Atlântica, vegetação campestre e cerrado.

Com 311 espécies de aves registradas na área do parque, ele se configura como importante área para observação da avifauna. Dentre as espécies, 10 delas se encontram ameaçadas de extinção.

Região de transição entre os biomas da Mata Atlântica e do Cerrado, o Parque do Gandarela oferece uma fauna diversificada, de grande importância para a preservação, sobretudo as espécies da águia-cinzenta, do capacetinho-do-oco-do-pau, da onça parda, do cateto e da onça pintada. Na flora, a vegetação compreende formas de campos rupestres, campos graminosos, cerrados e florestas, todos em bom estado de preservação.

<i>Área atual do parque (amarela) com 31,2 mil hectares, previstos em lei</i>
Área atual do parque (amarela) com 31,2 mil hectares, previstos em lei
area inicial com 38,2 mil hectares, proposta pelo ICMBio após consulta ao povo. Morro Vermelho perdeu o Cutão e o Maquiné
PARQUE DO GANDARELA

Área inicial com 38,2 mil hectares, proposta pelo ICMBio após consulta ao povo. Morro Vermelho perdeu o Cutão e o Maquiné

PARQUE DO GANDARELA

Belezas e riquezas históricas ameaçadas

O distrito de Morro Vermelho abriga apenas cerca de 8,5% do parque, já que a maior parte da reserva (43%) está no município de Santa Bárbara. Ficou de fora do parque a maior parte do território de Morro Vermelho, com rico acervo histórico e ambiental, que está sujeito à devastação da atividade mineradora.

Mesmo assim, nas divisas de Morro Vermelho com os municípios de Caeté, Barão de Cocais, Santa Bárbara, Rio Acima e Raposos, o Parque do Gandarela oferece paisagens com vistas deslumbrantes que se perdem no horizonte.

Também podem ser vistas muitas nascentes, cursos d’água e cachoeiras. No Setor Morro Vermelho do parque podem ser observados alguns trechos de caminhos da estrada real, que seguiam de Rio Acima em direção ao arraial de Viracopos. São picadas em matas e montanhas que serviam para o transporte de mercadorias e do ouro apurado nas grandes minas de Morro Vermelho.

Ainda neste trecho, na antiga Fazenda Maquiné, estão as ruínas do Retiro dos Capetas e da Casa Forte, onde funcionava um posto de fiscalização da Coroa Portuguesa e uma pousada de tropeiros do século 18. Ainda dentro do parque, a antiga Fazenda do Cutão guarda riquezas históricas, como dezenas de minas de ouro abandonadas, uma casa de apuração do ouro e as ruínas da casa do Barão da Estrela.

Em Morro Vermelho, entre as atrações do parque, está a Cachoeira de Santo Antônio, na divisa com o município de Raposos, que possui tons azulados contrastantes com os paredões rochosos avermelhados. Além dessa, a mais conhecida, há também o Poço do Tonhão, a cachoeira dos Goianás e dezenas de outras quedas d'água propícias a banho.

FAZENDA DA GANDARELA (MAQUINÉ)

  • Retiro dos Capetas: ruínas de um posto fiscal da Coroa Portuguesa na Estrada Real, com paredões e argolas, ruínas de moradias de fiscais e dragões reais, datadas do início do século 18.
  • Trechos da Estrada Real, seguindo do Retiro dos Capetas para o Morro da Santa Cruz e Viracopos e também para Santa Bárbara e Gongo Soco.
  • Cachoeira do Maquiné ou Cachoeira Grande, queda d’água de mais de 50 metros de altura.
  • Cachoeira do Mergulho.
  • Cachoeira do Trovão.
  • Outras cachoeiras e cascatas.
  • Grandes minas de ouro abandonadas, algumas exploradas por escravos, como as minas dos Crioulos, do Guilherme, da Cândida e da Boa Esperança.
  • Nascentes, córregos, riachos e mananciais de água.
  • Florestas da Mata Atlântica.

FAZENDA DO CUTÃO OU FURNAS DE CAETÉ

  • Ruínas do Palácio do Barão, pousada de fiscais e autoridades no século 18.
  • Ruínas de um sofisticado engenho de apuração do ouro.
  • Lagoa do Cutão.
  • Paredão de pedra e túnel de água em canal de barragem.
  • Dezenas de minas de ouro do século 18.
  • Cachoeira das Estrelas.
  • Outras cachoeiras e cascatas.
  • Córregos, nascentes e mananciais de água.
  • Florestas da Mata Atlântica.
PARQUE DO GANDARELA

Paleoteca abrigava preguiça gigante

Uma paleotoca, buraco onde preguiças gigantes se abrigavam há mais de 10 mil anos, foi encontrada na Serra do Gandarela, entre Santa Bárbara e Morro Vermelho, pelo pesquisador paulista Francisco Buchmann, da Unesp/São Vicente. Os animais gigantes viveram na América do Sul por milhões de anos e fazem parte da Megafauna Pleistocênica Sul-Americana. Eles chegavam a pesar mais de 250 quilos, com vários gêneros e muitas espécies. O abrigo dos mamíferos, que tem 340 metros de comprimento, é a maior paleotoca identificada no Brasil até hoje e fica na área a ser destruída pela mineração. O patrimônio paleontológico tem grande valor histórico para todo o mundo.

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4 respostas

  1. Muito interessante a .materia , sou de Caetè, fiquei curioso em conhecer Rio Vermelho , mas nao e contrei informaçao da distancia de BH, como chegar e se ha pousada ou hotel na cidade e a media das diarias. OBS: sou de Caete, meus pais mudaram da cidade quando tinha meses de nacido.

    1. Olá, Antônio! Todas as informações sobre como chegar a Morro Vermelho, onde ficar, etc.. estão na aba “SERVIÇOS”, no menu principal. Agradecemos o contato!

  2. Morro Vermelho é muito lindo, um lugar singelo, que nos convida ao deleite, ao passeio, a apreciação da natureza e da vida tranquila de seus habitantes.
    Enriquece o Parque Nacional da Serra do Gandarela com seus atrativos e seu acolhimento afetuoso, suas tradições e belezas naturais.

  3. Meu pai já falecido, Sebastião Botelho Serra, foi criado em uma fazenda em morro vermelho, nos anos 1930, seu o deixou na fazenda de sua onde ficou até aos 16 anos, seu pai meu avô Plínio Botelho Serra, s minha lembrança de criança quando aí passear na de minha vó, era que existia uma linha férrea que passava dentro da fazenda e um corpo muito bom de tomar banho.

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